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A maioria das pessoas desconhece a associação entre o fumo do tabaco e o aparecimento de doenças oculares que podem levar a diminuição grave da visão e mesmo à cegueira mas especialistas consideram que alertar a população para este risco pode ser um factor chave para diminuir o número de tabagistas.
"Está bem estabelecida a relação entre a exposição continuada ao fumo do tabaco e degenerescência macular- perda progressiva da visão central, doença de graves, catarata, glaucoma, uveíte e doenças da superfície ocular, levando à cegueira irreversível em muitos casos", explicou Maria João Quadrado, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), por ocasião do Dia Mundial sem Tabaco, que se assinala a 31 de Maio. "Evidências científicas demonstram que quanto maior a exposição, maior o risco de desenvolvimento e de progressão destas doenças", reforçou.
Segundo a SPO, o tabaco acelera o processo de envelhecimento em todo o organismo, inclusive a nível ocular, uma vez que os químicos presentes no fumo aumentam os níveis de oxidantes e diminuem os níveis de antioxidantes. Assim, o fumo do tabaco pode aumentar para o dobro o risco de desenvolver catarata e degenerescência macular da idade, duas das principais causas de cegueira a nível mundial.
A presidente da SPO afirmou também que "o tabaco duplica ou mesmo triplica o risco de desenvolver DMI (Degenerescência Macular da Idade). Esta doença afecta a retina, nomeadamente a macula que é a zona responsável pela visão de leitura, podendo levar à cegueira legal. Os fumadores desenvolvem em média esta doença dez anos mais cedo que os não fumadores e quanto maior o tempo e maior o número de cigarros a pessoa fumou durante a vida, maior o dano para a visão".
Há ainda outras patologias agravadas pelos hábitos tabágicos. Nos diabéticos, o tabaco apresenta um risco duas a três vezes superior de desenvolvimento de retinopatia diabética, e agravam a doença depois de esta surgir. O fumo do cigarro piora o síndrome do olho seco com alterações da qualidade do filme lacrimal, diminuição da produção de lágrima e da sensibilidade da córnea e conjuntiva. Para além disso pode levar ao aparecimento de infiltrados e úlceras de córnea nos portadores de lentes de contacto. Está também demonstrada cientificamente a associação entre fumar e o desenvolvimento de doença de graves, que pode levar à perda súbita ou total de visão. Já quem fuma na gravidez aumenta o risco do bebé ter estrabismo, por exemplo.
No entanto, deixar de fumar pode parar ou mesmo reverter algumas lesões oftalmológicas causadas pelo fumo do tabaco, dependendo do tipo e gravidade da doença. "No caso da DMI, os fumadores têm aproximadamente o dobro do risco de desenvolver esta doença, mas o risco em ex-fumadores é apenas ligeiramente superior ao das pessoas não fumadoras. O risco de desenvolvimento de catarata também é inferior em ex-fumadores quando comparado com fumadores activos", frisou a especialista.
in Sábado