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As lesões traumáticas oculares são a principal causa de cegueira em crianças nos países desenvolvidos e muitas das que acontecem em idade escolar estão relacionadas com a prática desportiva.
Os pais, professores e treinadores têm um papel fundamental na proteção dos olhos das crianças, devendo incentivar a utilização de materiais de proteção. Por ocasião do Dia Mundial da Actividade Física, que se assinala a 6 de Abril, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) considera fundamental alertar a população para a necessidade da prevenção de lesões oculares durante a prática desportiva.
«A grande maioria das lesões oculares relacionadas com a prática desportiva pode ser prevenida. A ameaça é diferente consoante a actividade física/desporto. Em todos os casos é possível diminuir drasticamente o risco de lesão ocular através do uso de protecção adequada. Na verdade, a proteção ocular deve ser encarada como parte integrante de qualquer uniforme desportivo», defende Maria João Quadrado, presidente da SPO.
Os desportos com maior risco de lesão ocular envolvem projécteis/bolas de alta velocidade (ex. squash, paintball), tacos/raquetes (ex. hóquei no gelo, hóquei em campo) ou um elevado grau de contacto corporal intencional (desportos de combate) ou não intencional (ex. basquetebol, futebol, andebol, etc.). Desportos como natação e ginástica estão associados a um menor risco de lesão ocular.
Em desportos de ar livre (ex. ski, ciclismo), a utilização de lentes escuras, apropriadas para a prática desportiva, é recomendada para reduzir o risco de lesões oculares provocadas pela radiação ultravioleta (catarata, doenças da retina, cancro da superfície ocular, cancro da pele).
Maria João Quadrado explica que «todos os atletas devem usar material de protecção ocular adequado ao desporto que praticam. É importante ter em atenção o tamanho (adequado ao atleta), conforto e composição do equipamento de protecção (geralmente constituído por lentes de policarbonato, um plástico altamente resistente ao impacto). Esta indicação deverá sempre ser efetuada por um médico oftalmologista».
E lembra ainda que «as lentes de vidro não fornecem uma proteção adequada para a prática desportiva. Em algumas situações podem mesmo aumentar o risco ou a gravidade das lesões (ex.: quando as lentes de vidro se partem num embate, podendo levar a perfurações do globo ocular). Nos casos de baixa visão poderá ser indicada o uso de lentes de contacto. Esta medida não substitui, de forma alguma, a utilização concomitante de proteção exterior de acordo com tipo de desporto praticado».
A SPO recomenda a todos os atletas, profissionais e não profissionais, que vigiem a saúde dos seus olhos através de consultas regulares de oftalmologia.